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Autonomia e Força de Vontade

Resoluções são sempre desafiadoras: emagrecer, parar de beber ou fumar, economizar, ter um relacionamento saudável, ser bem sucedida profissionalmente e aprender algo novo estão entre a maior demanda que recebo em consultório para os processos de coaching e controlo de stress.

Um terço das minhas consulentes tem dificuldade em criar e cumprir metas. Esta parece uma questão global numa era em que a independência grita cada vez mais dentro de nós e até mesmo no nosso quotidiano.

A grande questão é a gestão desta independência e a liberdade que temos para ser e fazer o que quisermos, sem ter quem nos cobre e dite o que devemos fazer. Esse é o cerne da questão e muitas de nós caímos em desmotivação por falta de aptidão em gerir essa liberdade que tanto lutamos para ter. A competição é grande: “devemos” ter um bom corpo, viajar para publicar boas fotografias, filhos educados na perfeição…

Tudo isso é possível quando percebemos que a força de vontade não é um aspeto inalterável do ser humano, mas sim uma reação complexa da mente e do corpo, que pode ser comprometida por noites mal dormidasstress e alimentação inadequada

A força de vontade funciona como um músculo. Quanto mais você o desenvolve, mais útil será na sua rotina.

O mais sensato é começar com desafios menores antes de encarar as metas mais complexas. Selecione uma meta que deseja verdadeiramente alcançar, não algo que lhe sugeriram ou que você acha que deveria querer também para corresponder às expectativas dos outros. Pense num objetivo que contribua para sair da inércia.

Inspirar-se em alguém que alcançou o que você tanto deseja pode ser uma motivação extra, assim como conviver com familiares e amigos que a apoiam. Torna-se mais difícil alcançar essas mudanças sem companhia.

A força de vontade normalmente enfraquece ao longo do dia, conforme ficamos cansados. Portanto, algumas metas podem ser mais fáceis de atingir no período da manhã, como fazer exercícios

Stress e força de vontade são incompatíveis. Sempre que estamos desequilibradas emocionalmente, encontrar determinação torna-se numa tarefa mais árdua. O stress encoraja a prestar atenção a metas de curto prazo; o autocontrolo, por outro lado, mantém o foco mais amplo. 

A qualidade do sono também influencia. Dormir menos de 6h por noite faz com que o córtex pré-frontal perca o controlo das regiões cerebrais responsáveis pelas suas vontades, como o desejo incontrolável de comer alguma coisa. A ciência mostra que dormir pelo menos 1h a mais por noite ajuda a evitar que dependentes químicos tenham recaídas, o mesmo pode funcionar se o objetivo for resistir a um cigarro ou a uma barra de chocolate.

A alimentação também tem um papel importante. “Uma dieta mais rica em vegetais e com menos alimentos processados oferece mais energia ao cérebro e pode melhorar todos os aspetos necessários para mantermos a determinação nas metas a alcançar”, diz a nutricionista Joana Jacinto.

Não vale a pena convencer-se de que “será diferente amanhã”. Temos por hábito pensar que acordaremos com mais motivação e energia no dia seguinte. Quando acreditamos que faremos uma escolha diferente no próximo dia, cedemos quase sempre às tentações no momento atual.

Precisa de entender os seus limites e preparar-se para quando eles surgirem. É fundamental reconhecer onde estão as falhas, como e quando costuma cair em tentação e os momentos em que ignora os objetivos.

Seja específica, mas flexível: delimite bem a meta para entender o que será necessário para alcançá-la, mas reserve espaço para mudar o passo-a-passo caso seja necessário.

Recompensas durante o processo são motivantes. Pesquisas sugerem que ao associar tarefas a um pequeno “prémio”, o cérebro passa a encará-las como algo saudável e positivo.

Espero que você comece hoje mesmo a exercer essas dicas e que coloque em prática a sua força de vontade para viver a sua liberdade de forma autónoma.


Com respeito e solidariedade,

Cristiane Perceliano

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